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A descoberta de um novo e surpreendente componente do cabelo humano vai mudar a maneira como nós – e empresas de cosméticos – vemos uma das nossas maiores glórias .

Uma equipe de pesquisadores americanos e brasileiros apresentaram sua descoberta na reunião anual da American Association Crystallographic, realizada em Filadélfia.

O cabelo humano tem sido extensivamente estudado por décadas, mas agora sabemos que ainda não existe uma compreensão completa da sua estrutura.

“O cabelo tem sido tradicionalmente constituído de três regiões: medula (parte central do cabelo), córtex (a maior fração de volume do fio) e da cutícula (parte externa do cabelo)”, diz a líder do projeto Vesna Stanic, uma cientista que trabalha na  Brazilian Synchrotron Light Source.  “Nós descobrimos uma nova zona intermediária, que está entre a cutícula e o córtex”, diz ela.

Stanic e sua equipe fez a descoberta através da combinação de um poderoso feixe de raios-X submicron com a geometria da secção transversal. O objetivo inicial era apenas estudar materiais utilizados em tratamentos de cabelo, e como eles afetam o cabelo.

Queratina vs Queratina
Antes deste estudo, pensava-se que o cabelo humano era composto apenas por uma proteína fibrosa chamada alfa-queratina, bem como determinados minerais e lípidos. Os cientistas ficaram extremamente surpresos ao descobrir que uma característica chave de difração de alfa queratina estava ausente na área entre a cutícula e o córtex de um fio de cabelo. Em vez disso, o padrão correspondeu à beta queratina.

Anteriormente, a beta-queratina era associada a répteis e pássaros. Ela é o que torna as garras, escamas, bicos e penas fortes e resistentes e, no caso das penas, também flexíveis e elásticas.

As alfa e beta queratina são moléculas semelhantes, mas elas têm tamanhos e formas muito diferentes. “A diferença básica entre alfa e beta queratina são as conformações da molécula. A alfa queratina tem uma estrutura helicoidal, enquanto a beta queratina é tipicamente disposta em folhas”, explica Stanic.

A descoberta segue o caminho de outra pesquisa publicada na revista Nature no início deste ano, ajudando a explicar o por que de seres humanos de diferentes partes do mundo terem tipos de cabelo distintos. A razão pode ser resumida em uma palavra: Neandertais.

Pessoas com herança não-africana hoje mantêm alelos neandertais (tipos de genes alternativos) em genes que afetam filamentos de queratina, diz Daven Presgraves, professor adjunto no Departamento de Biologia da Universidade de Rochester.

“A implicação é que esses alelos derivados de neandertais foram particularmente bem adaptados a ambientes euro-asiáticos em que tinha evoluído por várias centenas de milhares de anos”, diz Presgraves.

“Os seres humanos modernos que cruzaram com os neandertais em seu caminho para fora da África foram, de fato, capazes de emprestar estes alelos associados a queratina, talvez acelerando a adaptação a um ambiente Euroasiático que era novo para eles.”

Tanto este estudo quanto o de Stanic provavelmente irão levar a novos e melhores produtos para o cabelo.

“É importante conhecer a estrutura do cabelo, a fim de entender como essa estrutura vai mudar com diferentes produtos para o cabelo”, diz Stanic.

Fonte: ABC Science.

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Com carinho:

Joana Silva